“A montagem tornou-se o axioma inquestionável sobre o qual se construiu a cultura cinematográfica internacional” - Manifesto de 1928 sobre o Som
Nos anos 20, o estilo em bricolagem característico do cinema mudo foi substituído pelas reflexões mais consistentes dos teóricos-cineastas soviéticos da montagem. As idéias desses intelectuais-realizadores, vinculados ao Instituto Estadual de Cinematografia, floresceram num momento de tendências vanguardistas no teatro, pintura, literatura e cinema na União Soviética. Ganhava força a visão de que a indústria cinematográfica socialista, ao combinar criatividade autoral, eficácia política e popularidade de massa, poderia revolucionar e modernizar a Rússia.
Com influências em campos práticos como a engenharia e a arquitetura, enfatizavam a técnica, a construção e o experimento. Assim, a montagem seria o fundamento da cine-poética. Para eles, o plano cinematográfico é destituído de sentido antes de sua inserção em uma estrutura de montagem – assim como numa linha industrial, esta confe brilho e vida aos inertes matérias de base do plano individual.
Para Kuleshov, fundador da primeira escola de cinema do mundo, a arte cinematográfica consistia em exercer o controle sobre os processos cognitivos e visuais do espectador por meio da segmentação analítica de visões parciais. É a técnica, e não a “realidade”, portanto, que ocasiona a emoção no espectador. Pudovkin acreditava que a chave do cinema está nos protocolos de organização do olhar e controle das percepções e sentimentos por meio da montagem, da encenação e de técnicas retóricas como o contraste, o paralelismo e o simbolismo.
O mais influente dos teóricos soviéticos da montagem foi Sergei Eisenstein, pensador prodigioso que acreditava que o prestígio dos filmes andava de par com o da teoria, sendo o cineasta como um engenheiro. Ao invés de “purificar” o cinema, ele preferiu enriquecê-lo por meio de um cruzamento sinestésico com as outras artes. Em lugar de contar histórias através de imagens, o cinema eisensteniano pensa através de imagens, utilizando o choque entre planos para provocar, na mente do espectador, chispas de pensamento resultantes da dialética de preceito e conceito, idéia e emoção.
Em 1928, Eisenstein, Pudovkin e Alexandrov publicaram o Manifesto do Som, onde expunham considerações sobre o uso do som na montagem (para contrapor a imagem, por exemplo) e seu potencial.
Outro teórico da montagem, Dziga Vertov, em muitos aspectos, era ainda mais radical que Eisentein. Era propunha “sentença de morte ao cinema comercial orientado pelo lucro”. Postulava, em seu lugar, “a exploração sensorial do mundo através do cine-olho e da antropomorfização da câmera. Seu objetivo era criar um “cinema-verdade capaz de auxiliar cada indivíduo oprimido a entender o fenômeno da vida ao seu redor. Vertov advogava a filmagem documental nas ruas, longe dos estúdios, a fim de mostras as pessoas sem máscaras.
Porém, as supostas diferenças entre os vários teóricos da montagem pouco significaram aos olhos do regime oficial stalinista, visto que praticamente todos passaram a enfrentar problemas após 1935 – quanto o “realismo socialista” foi adotado como estética oficial do Partido Comunista Soviético – passando a ser atacados por seu “idealismo”, “formalismo’ e “elitismo”.
Nos anos 20, o estilo em bricolagem característico do cinema mudo foi substituído pelas reflexões mais consistentes dos teóricos-cineastas soviéticos da montagem. As idéias desses intelectuais-realizadores, vinculados ao Instituto Estadual de Cinematografia, floresceram num momento de tendências vanguardistas no teatro, pintura, literatura e cinema na União Soviética. Ganhava força a visão de que a indústria cinematográfica socialista, ao combinar criatividade autoral, eficácia política e popularidade de massa, poderia revolucionar e modernizar a Rússia.
Com influências em campos práticos como a engenharia e a arquitetura, enfatizavam a técnica, a construção e o experimento. Assim, a montagem seria o fundamento da cine-poética. Para eles, o plano cinematográfico é destituído de sentido antes de sua inserção em uma estrutura de montagem – assim como numa linha industrial, esta confe brilho e vida aos inertes matérias de base do plano individual.
Para Kuleshov, fundador da primeira escola de cinema do mundo, a arte cinematográfica consistia em exercer o controle sobre os processos cognitivos e visuais do espectador por meio da segmentação analítica de visões parciais. É a técnica, e não a “realidade”, portanto, que ocasiona a emoção no espectador. Pudovkin acreditava que a chave do cinema está nos protocolos de organização do olhar e controle das percepções e sentimentos por meio da montagem, da encenação e de técnicas retóricas como o contraste, o paralelismo e o simbolismo.
O mais influente dos teóricos soviéticos da montagem foi Sergei Eisenstein, pensador prodigioso que acreditava que o prestígio dos filmes andava de par com o da teoria, sendo o cineasta como um engenheiro. Ao invés de “purificar” o cinema, ele preferiu enriquecê-lo por meio de um cruzamento sinestésico com as outras artes. Em lugar de contar histórias através de imagens, o cinema eisensteniano pensa através de imagens, utilizando o choque entre planos para provocar, na mente do espectador, chispas de pensamento resultantes da dialética de preceito e conceito, idéia e emoção.
Em 1928, Eisenstein, Pudovkin e Alexandrov publicaram o Manifesto do Som, onde expunham considerações sobre o uso do som na montagem (para contrapor a imagem, por exemplo) e seu potencial.
Outro teórico da montagem, Dziga Vertov, em muitos aspectos, era ainda mais radical que Eisentein. Era propunha “sentença de morte ao cinema comercial orientado pelo lucro”. Postulava, em seu lugar, “a exploração sensorial do mundo através do cine-olho e da antropomorfização da câmera. Seu objetivo era criar um “cinema-verdade capaz de auxiliar cada indivíduo oprimido a entender o fenômeno da vida ao seu redor. Vertov advogava a filmagem documental nas ruas, longe dos estúdios, a fim de mostras as pessoas sem máscaras.
Porém, as supostas diferenças entre os vários teóricos da montagem pouco significaram aos olhos do regime oficial stalinista, visto que praticamente todos passaram a enfrentar problemas após 1935 – quanto o “realismo socialista” foi adotado como estética oficial do Partido Comunista Soviético – passando a ser atacados por seu “idealismo”, “formalismo’ e “elitismo”.
Por João Marcos Veiga de Oliveira - junho/2009