6 de junho de 2009

capítulo 1. os antecedentes da teoria de cinema

Por ser nova em relação ao estudo das outras artes, a teoria do cinema exibe os traços de teorias anteriores e o impacto dos discursos de áreas vizinhas. A teoria deve ser vista como parte de uma longa tradição de reflexão teórica sobre as artes em geral.

Alguns dos debates antecedentes herdados pela teoria do cinema dizem respeito à estética, à especifidade do meio, ao gênero e ao realismo

Estética:
(do grego aisthesis, que significa percepção, sensação) Surgiu como disciplina autônoma no século XVIII, como estudo da beleza artística e de temas relacionados com o sublime, o grotesco, o cômico e o prazeroso. Na filosofia, estabelece regras que dizem respeito ao Belo.

A discussão estética do cinema procura investigar, entre outras questões, o seu valor como arte e qual sua função social.

Especifidade do meio: Por esta ótica supõe que cada forma de arte apresente normas e possibilidades de expressão bastante peculiares. Grosso modo, o cinema deve obedecer à sua própria lógica em lugar de ser derivativo de outras artes, ou seja, deve fazer o que deve fazer e não os que os outros meios sabem fazer melhor. O cinema tem que se firmar como arte, não apenas reproduzindo as narrativas teatrais e literárias.

A especifidade cinematográfica pode ser abordada:
- tecnologicamente: dispositivos necessários para sua produção
- linguisticamente: matérias de expressão
- historicamente: sua origem
- institucionalmente: processos de produção
- processos de recepção: falar para um ou para todos.

Gênero: A teoria do cinema herdou a reflexão sobre os gêneros literários. O gênero (do latim genus, espécie), serve na classificação das várias espécies de textos literários e no estudo da evolução das formas literárias.

No entanto o cinema toma emprestado várias outras taxonomias. Pode ser definido por seu conteúdo histórico (filmes de guerra), pelo orçamento (blockbusters), locação (faroeste), ou podem muito bem transitarem em mais de um gênero (O filme hollywwodiano pode ser melodrama, comédia ou musical).

Realismo: O realismo ingressa na teoria do cinema sobrecarregado de incrustaçõs milenares dos debates precedentes na filosofia e na literatura. O termo conquistou significância no século XIX, quando passou a denotar um movimento nas artes figurativas e narrativas dedicadas à observação e à meticulosa representação do mundo contemporâneo. Cunhado com um neologismo pelos críticos franceses, o realismo foi associado originalmente a uma postura de oposição aos modelos românticos e neoclássicos na ficção e na pintura.

Um debate estético permanente no interior da teoria do cinema diz respeito aos questionamentos sobre se o cinema deve ser narrativo ou antinarrativo, realista ou anti-realistas, em suma, questionamentos em torno da relação do cinema com o modernismo.

Renan Damasceno - maio/2009