13 de junho de 2009

capítulo 9. a escola de frankfurt


Influenciados pela montagem clássica de Griffith, os teóricos do início do século XX acreditavam que o cinema era uma forma de expressão pronta, que não precisava do esforço do espectador para ser recebida e entendida. Por isso, esses teóricos viam o cinema como algo alienante, com capacidade de manipular e homogeneizar as pessoas. Duhamel1, por exemplo, acrescentou que o espectador se tornava um ruminante frente as telas. Para esse teórico, os filmes não faziam o homem se tornar uma pessoa melhor, não provocavam questionamentos nem o fazia pensar e muito menos mudavam a vida de alguém.

Walter Benjamin, contradizendo esses teóricos, acredita num cinema revolucionário, capaz de aumentar a percepção do homem e sua crítica com relação à realidade. Benjamin, antecipando Andy Warhol, disse que todo mundo tinha o direito de ser filmado. Uma das características do cinema que mais chamou a atenção do teórico foi o fato de ele ser uma arte coletiva. “Para Benjamin, o que tornava o cinema único era, paradoxalmente, o seu caráter não-único” (STAM, 2000, p.84).

Por ser um produto industrializado e reproduzível, o cinema não era distante e contemplativo como as artes de gabinete (definidas, dessa forma, pelos teóricos da Escola de Frankfurt). Essas artes, para Benjamin, possuíam uma “aura”, ou seja, aquilo que as torna contemplativa e inacessível. O cinema, por sua vez, era acessível e representava a libertação do pensamento coletivo.

Adorno criticava Benjamin por acreditar no potencial revolucionário das massas e no potencial do cinema – um produto da indústria cultural. O cinema, para Adorno, era uma mercadoria feita apenas com o intuito de ser vendida. E por mais que as artes de gabinete não ficassem imunes às indústrias culturais, o cinema era abertamente um produto e por isso uma expressão menor.

Críticos da sociedade capitalista, Adorno e Horkheimer investigavam as formas de legitimação ideológica do sistema, ou seja, como ele inseria seus valores e programas na cabeça dos indivíduos e acreditavam que o cinema era uma forma de propagação dos ideais capitalistas.

Como saberemos mais tarde, Adorno e Horkheimer não estavam completamente errados. Hollywood foi essencial para os EUA difundirem o american way of life, seus ideais de consumo para o mundo e para manter sua hegemonia. Porém, o cinema não se limita às ideologias capitalistas. As teorias de Benjamin também se aplicam ao cinema que pode provocar a reflexão e crítica.

Por Ana Carolina Jácome - junho/2009