O cinema de autor nas mãos dos norte-americanos serviu para inflamar o nacionalismo que afirmava a sua superioridade. O teórico Andrew Sarris, que trouxe a teoria do autor para os EUA, achava um absurdo que os europeus consideravam arte nas enfadonhas adaptações de clássicos da literatura e apenas entretenimento nos cinemas de Hitchcock e John Ford.
Para Sarris, o cinema de autor é reconhecido por três critérios:
· Competência técnica;
· Uma personalidade reconhecível;
· Um sentido interno que emerge da tensão entre personalidade e o material.
Porém, esses critérios foram desmascarados por Pauline Kael. A competência técnica era um critério duvidoso, porque alguns cineastas como Antonioni estavam muito além da competência técnica. Para Kael, o autor pode ter uma personalidade reconhecível nos seus filmes, mas pode repetir inúmeras vezes a fórmula da sua personalidade sem nunca mais buscar algo de novo e a o sentido interno era vago e parecia encaixar alguns cineastas medíocres que forçavam um estilo nas fendas do filme.
O autorismo foi criticado também por colocar o diretor acima da equipe que realiza o filme, de menosprezar a coletividade na produção cinematográfica. O cinema não é um poema que pode ser escrito no quardanapo, ele precisa de câmera, equipe e dinheiro para ser realizado. Portanto, qualquer teoria de autor deve levar em conta a equipe na autoria cinematográfica. Mas não podemos retirar o mérito da teoria do autor de deslocar a atenção do “o que” (história, tema do filme), para o “como” (estilo, técnica). Além disso, a teoria do autor legitimou o cinema na literatura e na academia.
Por Ana Carolina Jácome - junho/2009